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Compartilhando experiências....

Hoje no grupo começamos uma discussão a respeito do material didático para o ensino de línguas. Constantemente nos deparamos com situações que acabam por não contemplar a realidade dos nossos alunos.

Então, gostaria de relatar uma experiência simples que vivenciei essa semana:

Eu uma aula online compartilhei com meus alunos e alunas do 6º ano um texto do material didático em que um menino apresentava a sua família (típica de propaganda de margarina: pai, mãe, filhos e avós). Fizemos a leitura do texto, trabalhamos o vocabulário. Tudo corria conforme o planejado. Daí, passei para a apresentação de uma proposta em que os alunos e alunas teriam que produzir o seu próprio texto apresentando suas famílias. Fiz uma adaptação da proposta que estava no material didático. No vocabulário a ser utilizado, incluí os termos stepfather e stepmother. E no exato momento que inseri o novo vocabulário uma aluna comentou no chat: "Nossa, finalmente alguém falou sobre isso. Agora vou conseguir falar sobre minha família porque eu não tenho pai, mas tenho um padrasto". 

Após ler o comentário da aluna, finalizei a leitura da proposta com a turma e os conduzi para uma discussão a respeito das diferentes estruturas familiares. E foi quando tudo saiu do que estava planejado. Porém, foi uma aula riquíssima em que meus alunos e alunas que não fazem parte de uma estrutura familiar "tradicional" (não sei se esse é o termo adequado) se sentiram respeitados(as) e representados(as). E os outros puderam experimentar um momento de expansão das suas vivências e visões a respeito do mundo. 

O material didático, e muitas vezes nós educadores, repetimos um discurso carregado de preconceitos. Sobre esse exemplo, muitas vezes, sem termos a consciência mesmo, pregamos uma concepção de família constituída pelo pai, mãe e filhos. E quando não discutimos diferentes estruturas familiares, estamos ignorando que existem outros modelos, que muitas vezes são vistos com uma carga muito grande de preconceito. Nossos alunos e alunas já sofrem com isso na sociedade, e não é justo que sofram também na escola. 

Nossas aulas precisam ser um espaço em que eles e elas se sintam seguros(as) e respeitados(as) na sua individualidade. 

  • Sandra Nobre
  • Souzana Mizan
  • Nicolle Nogueira
  • Souzana Mizan
  • Souzana Mizan
  • Patricia Martins
  • Souzana Mizan