É importante levar em consideração, num primeiro movimento de compreensão do texto, o fato de haver uma tentativa de ilustrar, de modo enfático, a questão dos favorecidos versus desfavorecidos. Segundo o autor, são os processos de letramento, o quadro de desnutrição e as condições de habitação que determinam a divisão entre favorecidos e desfavorecidos. Assim é através da tônica do "recorte" do fenômeno expresso que o autor estabelece a gravidade e as discrepâncias entre "haves and have nots". Quando reduz e põe em perspectiva as questões sócio-econômicas, o autor determina de forma pungente as desigualdades e o desequilíbrio globais. No entanto, não acredito que seja assim tão simples. Quando reduz-se à perspectiva de microcosmo corre-se o risco de incorrer em erros e generalizações perigosos. A complexidade dos fenômenos sociais não podem ser abarcados/compreendidos, nessa perspectiva "nearly fictional" de uma Vila com 100 habitantes. A diversidade, a variabilidade e as relativizações não cabem numa proposta de reducionismo tal como a ensejada por esse autor anônimo, sujeito sem nome que descredibiliza os dados e a sua operacionalização. Não acredito ser factível/produtivo esse panorama de mini mundo apresentado, não apenas pela anonimidade da fonte, mas, sobretudo, pelo reducionismo.