Natália Winck’s Updates

Encontro de Outubro do grupo de estudos Identidade e Leitura

Conteúdos do encontro:

O encontro começou com a discussão sobre o atual governo brasileiro, pensando em conjunto se foi procurado ou não reproduzir deliberadamente o modelo nazista. Raphael destacou que Hitler fez uso do rádio para ascender ao poder, assim como o Bolsonaro, que fez uso das redes sociais para sua ascensão, enquanto a esquerda não soube (nem o sabe ainda) fazê-lo.

Quando começamos oficialmente o encontro, conversamos um pouco sobre como, hoje em dia, nós até podemos dar conta de ler tudo o que precisamos, mas não temos mais o tempo para refletir sobre aquilo que lemos, devido ao acúmulo de tarefas e à pressão emocional, em especial agora na pandemia. A professora Alessandra trouxe para a discussão, então, a palestra de abertura dada por Faraco para a Semana de Letras deste ano, onde ele trouxe a questão da falta de democracia em nosso país. Clarissa perguntou, então, o que devemos fazer para mudar isso?

Ana Paula trouxe da fala de uma pesquisadora sobre a Favela da Maré e a questão dos privilégios e do diálogo. Alessandra leu uma parte do texto que falava sobre nosso papel social e comentou sobre a dificuldade que uma servidora pública teve para se inscrever para auxiliar no Enem e não ter conseguido, o que a fez pensar que talvez isso não tenha sido nenhuma coincidência. Anderson Marques discorreu um pouco sobre a questão da mídia brasileira e seus interesses coloniais, mas comentou sobre a questão da percepção tratada por Ana Paula e Alessandra e mencionou a questão LGBT no Brasil e como isso só começou a receber a devida atenção ao fim do século XX e início do XXI. Comentou como estamos em um momento de mais libertação do sujeito e a expansão dos direitos, mas que hoje há um pressão para impedir este movimento, mas que todos procuram o direito ao consumo.

Alessandra Fernandes comentou então sobre os recortes feitos pela Gazeta do Povo, jornal amplamente lido em nosso estado. Raphael voltou para o comentário do Anderson e comentou que discorda que haja realmente uma abertura positiva atualmente e comentou que nossa ação não deve ser a de fugir dessas discussões, mas de ocupar estes espaços, de maneira concreta.

Mariana Lyra comentou sobre a ocupação que começou a ocorrer em meio a esta quarentena através de um movimento social, sendo a maioria dos moradores imigrantes haitianos, morando de maneira colaborativa. Anderson concordou com o que disseram, mas disse que também deve haver uma ocupação das questões institucionais, para não ficarmos reféns dos trabalhos realizados por ONGs, que não são devidamente valorizados e que devemos votar com sabedoria. Além disso, ressaltou que, infelizmente, a Academia ainda se relaciona apenas com a própria Academia.

Eduardo perguntou, então, para a Clarissa sobre a possibilidade de uma colaboração com o curso de Jornalismo e ela respondeu comentando sobre uma iniciativa que viu neste sentido e sobre o papel dos jornalistas e respondeu enfim que dependeria muito da área, mas que na Letras essa iniciativa seria, sim, possível. João Victor comentou que no Kappa e que eles recebiam textos de todo tipo de área, mas que os de Humanas eram sempre os mais difíceis de traduzir, devido a linguagem excessivamente intelectual.

Clarissa Jordão deu, então, alguns exemplos de iniciativas que estão ocorrendo neste sentido, mas que acredita que devemos falar a partir de nosso lugar, que devemos tentar nos fazer entender e que, mesmo a partir da nossa área, há impacto. Juliana Martinez comentou que acredita que devemos procurar provincializar a ciência, evitando passar a ideia de que vamos ensinar os outros, como se fôssemos os detentores do conhecimento. Clarissa discordou um pouco, dizendo que temos mesmo o que ensinar aos outros também. Juliana comentou então, depois de concordar com o que Clarissa disse, que, em geral, a Academia não está em comunhão entre si, pois os acadêmicos tendem a buscar publicar sempre em revistas que acrescentem ao seu Lattes, impedindo maior alcance de suas pesquisas.

Adriana Cristina comentou sobre como, no texto, a autora comenta que somos escravas de nós mesmos e comento que, através das redes sociais o alcance é muito maior hoje em dia. Anderson comentou que pensar que temos liberdade na internet é uma ilusão, devido aos algoritmos. Clarissa voltou ao assunto do Qualis e de como a Academia é um dos lugares mais difíceis de mudar. Alessandra perguntou como funciona a representação na Capes e Clarisse respondeu que há representantes de todas as áreas e iniciou-se uma discussão sobre cargos representativos que acabam sendo exercidos por pessoas que não são da área de atuação do cargo.

João Victor comentou que ficou pensando em como fazemos para criar movimentos e novo espaços e que a resistência é muito importante, mas que é importante que estejamos também dispostos a atirar a primeira pedra e aceitar as consequências que podem vir desta resistência. Foi discutida um pouco a questão da mudança do currículo de Letras e dos cursos de dupla licenciatura, João Victor comentou que foi contra a retirada do curso de Inglês do bacharelado em Tradução, Clarissa comentou que o problema da dupla é que a formação acaba não sendo de muita qualidade em ambas as línguas e a Juliana comentou, enfim, sobre o problema da falta de corpo docente para os novos cursos.

Juliana Martinez lembrou-nos sobre o texto que trata de Paulo Freire e que não concordou com a ideia de antagonismo tratada por ele. Eduardo comentou sobre algumas outras definições que o texto traz, como a decolonialidade, e que achou que ficaram pouco claras até o final do texto. Adriana comentou que achou a discussão um pouco rasa, pois Paulo Freire não chegou realmente a tratar estes temas, apenas sobre a questão do “opressor e oprimido”. Juliana comentou que não achou que o jeito como as autoras trataram a decolonialidade não combina com a ideia que temos tratado nos encontros. Clarissa comentou que há um tendência atualmente a considerar toda crítica como decolonial.