Natália Winck’s Updates

Primeira semana de Setembro: lives sobre as emoções de ser professora e sobre multiletramento

Live debaRtendo as emoções de ser professora com as professoras Alessandra Fernandes, Clarissa Menezes, Leina, Luciana, Nathália e Simone:

As participantes começaram conversando sobre como se sentiam no seu dia, dia dos professores, e todas se mostraram felizes com as congratulações e com o fato de haver um dia dedicado a essa importante profissão, inclusive fizeram um brinde em comemoração. A professora Alessandra perguntou se elas não leem as mensagens de congratulação de maneira diferente a cada ano e rodas concordaram com isso.​

Clarissa apontou o fato de que a Alessandra, que preparou o roteiro, passou a participar no debaRtendo nesta live. Luciana lembrou que o dia da live era um dia muito especial e, por isso, Paulo Freire não podia deixar de ser mencionado. Simone concordou e perguntou o porquê da live ser intitulada com “professoras” e já começou a responder dizendo que são todas mulheres e que procuram fazer com que todas se sintam incluídas e pediu para que falassem o que acharam disso nos comentários.

Clarissa passou, então, a apresentar mais formalmente a professora Alessandra e mencionou que não tinha como convidar uma “professora mais professora” para este dia, agradecendo já a sua presença. Alessandra começou então, após agradecer as boas vindas, a explicar um pouco como seria o tema da live: debaRtendo as muitas emoções de ser professora.

A professora começou com esta imagem para reflexão:

A pedrinha que cai no “rio” e inicia uma conversa.

Depois trouxe mais uma imagem e perguntou às participantes com quem se identificam:

Luciana disse que, no momento pandêmico e remoto atual, se identifica mais com a segunda imagem, acolhendo seus alunos e procurando ajudá-los a qualquer custo. Clarissa mencionou que se identificou primeiras com a quarta imagem, devido ao “cabelo penteado pandemia”, mas que, depois, viu que se identifica com a imagem, pois também é muito alegre e gosta da ideia do capuz, como se procurasse se proteger, mas não conseguisse realmente se manter distante. Leina escolheu a terceira foto do rapaz com a cara de “lá vem”, em relação aos empecilhos impostos à profissão, mas mencionou que procura fazer disso sempre motivação para seguir. Simone disse se identificar com a mesma de Luciana, das duas na água, pois passa esta impressão de parceria, proteção e felicidade, mas também devido à perseguição que há aos professores, que os tentam silenciar.

Alessandra disse que ficou muito impressionada com todas as respostas e mencionou que se identifica também com a imagem das duas, pois passa esta impressão de que as professoras estão sempre procurando fazer o seu melhor, apesar das circunstâncias. Clarissa concordou que também gosta muito desta imagem, pois mostra muito a questão da colaboração e da dificuldade. Alessandra disse que a única com a qual realmente não se identifica é a quinta, da mulher reflexiva, já a Luciana disse que essa seria sua segundo opção, pois costuma ficar em seu canto para refletir.

Em seguida, a professora Alessandra puxou a discussão para a questão da memória tratada por Neil Gaiman:

Alessandra comentou que a memória do coração é muito interessante, pois enaltece os bons momentos e procura apagar os ruins. Continuou mencionando que nós somos a nossa história, então convidou-nos a entrar no nosso túnel do tempo e mostrou uma imagem da social galaxy e explicou que é um ambiente que reflete o conteúdo do Instagram para os visitantes, que aparecem de maneira sonora para quem se encontra dentro do túnel. A professora, então, convidou todas a relembrarem o momento em que decidiram ser professoras.

A Simone começou dizendo que não sabe bem quando decidiu, pois ocorreu de maneira natural, já que falava Inglês e acabou escolhendo o curso de Letras por causa disso, já que a mãe dela não queria ter uma filha jornalista. Acabou fazendo o concurso, pois era algo natural para os estudantes do curso e acabou dando aula na escola municipal, mas como já era professora de Inglês desde os 17 anos, foi para a escola “se achando” e ficou um pouco apavorada com a realidade, de modo que acabou decidindo fazer um mestrado em Educação.

Clarissa mencionou que também foi um pouco ao acaso, pois era muito interessada em estudar Literatura Brasileira, pois gostava muito de uma professora da área que teve durante o segundo grau, de modo que acabou fazendo Letras por causa disso e queria fazer apenas Português, mas o pai a convenceu a fazer Inglês também e acabou indo direto para a Licenciatura Inglês-Português. Durante o curso, acabou se tornando uma questionadora desse imperialismo da língua inglesa, de modo que acabou abandonando um pouco a Literatura. Mencionou que tudo isso acabou ocorrendo de modo natural, através de “escolhas do coração”, de modo que acabou virando professora, através de um convite de um professor que a chamou para dar aula e que foi uma experiência que a mudou.

Luciana comentou que, diferente das outras, a escolha dela não foi ao acaso e pensava em ser professora desde pequena, pois tinham pais professores (o pai dela foi especial exemplo para ela). Comentou que sempre gostou muito de línguas estrangeiras e que sabia que iria trabalhar com isso, pois gostava da língua pela língua e da gramática e que teve professores que a inspiraram fortemente. Não teve a opção da tradução em seu estado e não queria se mudar, então acabou optando pela Licenciatura no Inglês, no fim das contas. Mencionou que começou a dar aulas muito cedo e nunca se arrependeu, comentou que duas de suas irmãs acabaram seguindo o mesmo caminho.

Leina comentou que queria sair muito de Macapá, sua cidade natal, pois queria conhecer mais do mundo e lembra de conversar com muitas pessoas para conseguir decidir o que fazer. Comentou que começou a dar aula muito cedo também, quando ainda estava em Macapá, num curso de idiomas. Quando foi para Belo Horizonte, acabou dando aula, pois precisava trabalhar para se manter na cidade. Foi seguindo o fluxo, mas explicou que não fazia muito sentido para ela. Disse que, quando voltou da Itália, decidiu fazer algumas disciplinas isoladas na universidade e começou a prestar muita atenção nas discussões sobre formação docente e então começou a realmente a abraçar a profissão.

Alessandra comentou que todas tinham uma característica em comum: que eram inquietas; e disse que ela não era assim. Luciana disse que era como Alessandra e Clarissa disse que só questionava a questão do colonialismo, pois reproduzia os discursos de sua mãe. Simone comentou que gostava mesmo era da Sintaxe. Alessandra, então, contou que quis ser professora desde sempre e que também começou a dar aulas muito cedo, mas que não questionava nada e que, com o tempo, isso mudou muito.

Alessandra comentou, em seguida, que ninguém se constrói sozinho, os encontros de nossa vida nos transformam. Simone disse que os encontros com Limário e Walkyria (sua professora orientadora) a mudaram completamente e contou um caso específico em um Projeto Nacional que participou em 2009, quando alguém falou que não haviam mais rendeiras por causa do Bolsa Família e o Limário questionou sobre o quanto elas deviam estar ganhando para abandonar isso pelo Bolsa Família (que é constituído de um valor muito mínimo) e disse que isso a fez repensar muitas coisas.

Leina concordou com o que Simone disse, pois essas coisas deslocam os professores, mas também os acolhem, ao mostrá-los como são incompletos e comentou um pouco sobre sua experiência como crítica, quando Lynn falou para ela que não há como garantir que haverá ecos na mente de todos, mas que com certeza isso ocorrerá em algumas e isso trará outras repercussões. Comentou que a esperança é o que a move e que não há como existir um professor desesperançado.

Clarissa também concordou com o que as outras disseram, mas concordou especialmente sobre a Walkyria Monte Mór. Contou que outra coisa que foi especial para ela foi a constatação, quando estava na UFPR, de que não precisa agradar a todos e que aprendeu isso com seus colegas na Universidade. Além disso, mencionou as próprias colegas do debaRtendo.

Luciana também concordou com o que todas disseram e mencionou em especial a desconstrução pela qual teve que passar quanto a hierarquia construída entre professor-aluno. Mencionou, em especial, uma professora da Pré-Escola, Fernanda, e um professor que deu aula para ela na escola e ensinou muito sobre Fonética e Fonologia, despertando seu interesse.

Alessandra contou que o turning point para ela foi ter entrado para o Projeto Nacional e as relações que foram construídas através dele. Então ela puxou a conversa para uma música e pediu para que todas pensassem na mensagem que diriam para elas mesmas jovens, enquanto ouviam a música.

Leina disse que diria para “ir com fé” e Clarissa disse que não sabe e perguntou se dava para passar essa pergunta. Luciana disse que diria para ela estudar mais Filosofia e Sociologia, que fizeram falta em seus estudos de pós-graduação, e disse que também diria para não esquecer que trabalha com uma profissão que tem reais impactos no mundo. Alessandra disse que diria para entender que a vida tem seu próprio ritmo, que tudo tem uma razão de ser e que as coisas vão acontecer no tempo certo.

Então a professora Alessandra passou a conversa para um segundo momento, com o trailer do documentário “Escolarizando o Mundo”. Após assistirmos o vídeo, Alessandra perguntou se a educação é progresso ou é violência e Clarissa respondeu que há um lado negro da educação, quando ela é usada como ferramenta de aculturação e disse que precisamos mudar o modelo de escola atual. Simone completou mencionando sobre as educações de comunidades minoritárias. Luciana comentou que o grande problema está em desconstruir esse olhar ocidentalizado, pois muitos não percebem a agressividade dessa tentativa de padronização dos grupos minoritários. Leina comentou que, na verdade, educar deveria ser uma via de mão dupla de ensino-aprendizagem.

Alessandra Fernandes passou, então, para o último momento da conversa, puxando o tópico da “agência”, destacou que as professoras são pessoas que desenvolvem muito o senso de percepção, de modo que fica aquela questão: estamos fazendo o suficiente?

A professora Alessandra perguntou, então, como elas relacionam estas falas com aquele primeiro slide da apresentação. Luciana comentou que a fala de Clarissa mexeu bastante com ela, pois se identifica muito com o que disse no trecho apresentado e que sente que precisa aprender a relaxar um pouco também. Alessandra perguntou onde todas encontram esses seus “respiros” e Luciana respondeu que o encontra basicamente na cozinha. Simone comentou que o vírus do Covid-19 é minúsculo, mas que, mesmo assim, afeta muitas pessoas e que está em muitas outras que estão assintomáticas e disse que faz um pouco uma analogia entre a ação do vírus e sua ação como professora.

Leina comentou, após essa sessão de exemplos de comentários e de agência, que a agência não ocorre apenas dentro da Academia, mas com as pessoas “normais” também, através do acolhimento. Clarissa concordou com o que Leina disse e comentou que tanto o trabalho acadêmico, como o cotidiano, através do acolhimento, estão interligados e constituem a agência. Luciana concordou também e Simone comentou que o contato dela com seus professores a ensinou a escutar. Alessandra comentou que é mesmo muito amplo e que nosso trabalho gera frutos.

Alessandra, então, colocou uma música para terminar a conversa com os desejos para os colegas professores, para a educação, etc.

Live sobre Letramentos em prática: reflexões, inspirações e afetividade do webinário da Pós-graduação em Letras da UFPR com as palestrantes Clarissa Menezes Jordão (UFPR) e Walkyria Monte Mór (USP):

Resumo descritivo