Lorena de la Torre’s Updates

"Investigando a relação oral/escrito e as teorias do letramento "- Inês Signorini (ORG.)

O texto trabalhado em aula discute, a partit de três composições escritas redigidos em condições cotidianas de produção e suas respectivas avaliações (feitas por alunos do oitavo semestre do curso de letras da Unicamp), a relação entre oralidade e escrita, tendo em vista diversos estudos e teorias acerca das praticas de letramento. Apesar de terem sido trazidos vários conceitos e pontos de vista, alguns se destacaram tanto na discussão feita em sala quanto na minha compreensão pessoal do texto. Dentre eles estão "os mitos do letramento"(Olson), a ideia da escrita como tecnologia (trazida em aulas passadas pela perpectiva de Ong) e, principalmente, as naturezas metacomunicativa e matapragmática do uso da língua.

Dentro dessa perspectiva, temos a existência de dois elementos complementares; a forma/norma e a função/contexto. Ambas são parte de um mesmo universo comunicativo, contudo, a hipervalorização da norma e do espaço de fala reservado para ela faz com que - como foi observado nos comentários contidos no trabalho - a intenção do texto e suas condições de produção sejam esquecidas .

Do mesmo modo, outras apresentações anteriores trouxeram a importância do contexto na produção textual e na aquisição dos conhecimentos exigidos por ela. A escrita, apesar de divergir sistemicamente da fala, tem como fundação uma realidade de situações orais - levando em consideração que a fala é normalmente desenvolvida antes da escrita e que há numericamente mais falantes do que alfabetizados.

Por conta disso, não podem ser ignoradas as relações políticas que fazem com que uma norma seja posta como melhor, frente a tantas outras variantes. Não ponho aqui em questionamento a necessidade da existência de uma padronização, mas reitero uma reflexão sobre a cópia cega deste padrão. De fato, a escrita é mais estável e seu padrão (obviamente) mais homegêneo. Entretanto se apoiar nesses dois preceitos "práticos" e lógicos para avaliar produções "mixadas" como "desconexado" (pg 103) é incoerente (https://amorphia-apparel.com/image/doublethink.1200.png).

Por fim, mesmo com tantas críticas à reprodução deste discurso normativo a desvalorização da função metacomunicativa é inerente à nós. Enquanto leitores, passamos por um processo educativo que prazava por esses valores (tanto que os avaliadores, alunos de letras, retomavam esse mesmo ponto de vista); mesmo quando enxergamos o papel do contexto ainda nos atemos à forma - quando Signorini critica o "acadamês"(pg 113) faz uso desta língua escolar (assim como eu, enquanto escrevo este update).