Valores e atividade tecnocientífica

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Abstract

O mundo está mudando drástica e velozmente, e essa mudança traz a marca tecnológica como insígnia emblemática do progresso e do desenvolvimento para a humanidade, seja para o hoje, seja para o amanhã. Esse é o caminho técnico - digamos - ‘natural’ que nossas sociedades humanoides constituíram e trilharam desde o surgimento e uso das primeiras e mais rudimentares tecnologias, como a pedra lascada e o domínio do fogo, por exemplo, num período histórico humano conhecido como Paleolítico, que vai de 2,5 milhões de anos a.C. a 10.000 a.C., e esse processo de tecnicização – é interessante notar – se arrasta até os dias atuais. Ou seja, nós humanos percebemos e concebemos o mundo e a própria natureza por meio das interferências tecnicistas que fazemos neles. Todavia, como sabemos, desenvolvimento tecnológico (ou tecnocientífico) não significa necessariamente desenvolvimento humano – em especial na Modernidade e Pós-modernidade –, ainda mais no que se refere à abrangência e compreensão que o termo exige, já que nas práticas tecnocientíficas da contemporaneidade são priorizadas sistematicamente questões mais relativas ao mundo dos negócios e interesses financeiros e políticos, do que ao mundo cotidiano societal ordinário, e seus interesses sociais difusos e coletivizados. Nesse sentido – como abunda na literatura –, há um flagrante descontrole no uso e aplicação dos resultados práticos dessas técnicas e tecnologias, e mais: há, igualmente, uma retroação extremamente significativa e determinante de forças que se dá no sentido da cultura tecnologizada que criamos, que também, num só enlace, acaba nos recriando e determinando segundo suas lógicas e ditames, sempre reducionistas e desumanizantes. A única trincheira que ainda nos protege desse domínio técnico progressivo, indiscriminado e avassalador, são os valores éticos, morais e antropossociais que cultivamos e respeitamos enquanto organismo social complexo; e é disso então que trataremos a seguir.