Abstract

Este artigo busca discutir tensões existentes na relação entre autoria e fotografia documental. Se por um lado a fotografia carrega consigo uma série de possibilidades de interpretação, essa abertura dificulta a intenção fundamental do fotógrafo documental de relatar um fenômeno, de manter esse vínculo com o referente. Diversas estratégias autorais são empreendidas para controlar a dispersão, mas isso também é alvo de críticas na medida em que uma maior aparição do fotógrafo pode causar o apagamento do fotografado. A autoria é um conceito construído historicamente e deve ser visto em sua complexidade, que toma nuances distintas quando o campo é o da fotografia. Articularemos o debate a partir das contribuições teóricas de Michel Foucault, Antoine Compagnon, John Berger e Susan Sontag, tendo como horizonte a obra de Sebastião Salgado, especialmente seu livro “Trabalhadores”.