Autorretratos na Rede

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Copyright © 2021, Common Ground Research Networks, (CC BY)
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Abstract

Qual a relação da fotografia com a constituição do sujeito que ela representa? Por que continuamos a produzir, talvez agora mais do que nunca, imagens autorreferenciais, se as rápidas modificações e adaptações exigidas pela efêmera sociedade contemporânea não nos permite ter tempo de descobrimos quem somos antes que sejamos forçados a nos modificar novamente? Por que o digital parece nos instigar a fotografarmos a nós mesmos? E, principalmente, o que caracteriza esse momento em que autoimagem vem atravessando grandes questionamentos e constantes mudanças? Essas perguntas nos acompanham há algum tempo, e se intensificaram conforme comecei a observamos algumas comunidades sociais no ciberespaço. Nesse complexo espaço do espetáculo, elegemos as imagens autorreferenciais porduzidas por mulheres em pools de produção do Flickr para discutirmos nosso estado de sedução pelas imagens de nossos próprios pés, sombras e reflexos no espelho, pedaços corpóreos visualizados no pequeno visor das nossas câmeras digitais. Corpos que se mostram de forma diferente, coisas que antes ignoravamos, passamos a reparar em detalhes. Fragmentos de nós mesmos parecem esteticamente bonitos e sedutores no enquadramento fotográfico. Assim, o ato fotográfico do cotidiano deixa um pouco de lado as datas comemorativas em família, as flores e as paisagens; e passa focar e desfocar, repetidas vezes, sobre nossas mãos, pés, olhos, rostos, cabelos, costas, sombras. Passamos a nos ver como o mais óbvio objeto a ser fotografado. Passamos a ter uma experiência com nossos corpos que se dá, ao mesmo tempo, de forma mediada e imediata pela imagem digital.